terça-feira, 11 de março de 2008






























"(...)Passamos como tudo sem remédio passa
e um dia decerto mesmo duvidamos
dia não tão distante como nas pensamos
se estivemos ali se Madrid existiu.
Se portanto chegares tu primeiro porventura
alguma vez daqui a alguns anos junto de Califórnia vinte e um que não te
admires se olhares e me não vires.
Estarei longe talvez tenha envelhecido
Terei ate talvez mesmo morrido
Não te deixes ficar sequer a minha espera
não telefones não marques o número
ele terá mudado a casa será outra
Nada penses ou faças vai-te embora
tu serás nessa altura jovem como agora
tu serás sempre a mesma fresca jovem pura
que alaga de luz todos os olhos
que exibe o sossego dos antigos templos
e que resiste ao tempo como a pedra
q
ue vai passar os dias um por um
que contempla a sucessão de escuridão e luz
e assiste ao assalto pelo sol
daquele poder que pertencia a lua

que transfigura em luxo o próprio lixo
que tão de leve vive
que nem dão por ela

as parcas implacáveis para os outros
que embora tudo mude nunca muda
ou se mudar que se não lembre de morrer
ou que enfim morra mas que não me desiluda
Dizia que ao chegar se olhares e não me vires
nada penses ou facas vai-te embora
eu não te faço falta e não tem sentido
esperares por quem talvez tenha morrido
ou nem sequer talvez tenha existido???"
[Muriel]
imagem retirada da net

2 comentários:

Rog disse...

a propósito, e se me permites a sugestão, um dos meus favoritos:

http://theamazingmeltingman.blogspot.com/2007/06/da-poesia-que-posso.html

Bjx!

saramsilva disse...

no vember-já tinha lido em qualquer lado..
"Manhã ou tarde? Primavera ou Outono?
Não sei pouco me importa
Pouco me importa o quê? Não sei
( o resto vem no Pessoa )"

bigada pela partilha :)

bjs